Poemas em nome próprio
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Janelas de perspectiva infinda
Um diário livre
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011
sábado, 1 de outubro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
mas todo o melhor
e todo o pior dos homens
se faz e se refaz
continuamente
na recriação erguida
e na demolição
de si, perenamente
e não saberia dizer se bem
ou mal, apenas sendo
na experiência o todo
partido frágil delicado uno
descerrado e solto
que se cria no espaço
do espasmo de se ver
de repente
um outro que sempre se foi
estranhamente
e todo o pior dos homens
se faz e se refaz
continuamente
na recriação erguida
e na demolição
de si, perenamente
e não saberia dizer se bem
ou mal, apenas sendo
na experiência o todo
partido frágil delicado uno
descerrado e solto
que se cria no espaço
do espasmo de se ver
de repente
um outro que sempre se foi
estranhamente
terça-feira, 13 de setembro de 2011
No final da palestra de encerramento da III semana de música antiga da UFMG (02-11/09/11), em Ouro Preto, declamei um pequeno poema do Mário Quintana, homem de palavras simples, animadas. Achei que o poema resumiria bem a lembrança dos momentos intensos e verdadeiros dos dias passados por todos, entre concertos inesquecíveis, palestras, cursos, oficinas e encontros humanos de muita riqueza. Acrescentei a palavra "música" no segundo verso, mas tenho certeza de que o poeta aprovaria a oportunidade do artifício:
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves
são as únicas que o vento não conseguiu levar.
o estribilho de uma música antiga
um carinho num momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Eupalinos, ou o Arquiteto
O maior valor de um livro pode ser medido
não pela provável verdade que encerra
mas talvez pela distância que te leva de qualquer absoluta
quinta-feira, 28 de abril de 2011
arquitetura
(a Edgar Graeff)
Em frente à minha janela, confidente silenciosa,
vejo noutra luz uma imagem habitual.
Especialmente hoje, meus olhos a descobrem
como se nascesse um novo dia,
dentro dos dias, além da minha janela.
Dividem a serenidade dos meus olhos
um céu azul de nuvens poucas,
uma sibipiruna de flores amarelas em direção ao mesmo céu,
e a parede branca e distante de um edifício.
Penso: não fosse a parede branca,
o céu azul seria maior em meu quadro. Não fosse...
... mas é
e a parede branca, hoje eu sinto,
é janela de um outro céu que o homem faz crescer.
E não fosse a parede branca e seu reflexo de sol
e sua existência em mim,
o quadro em que vejo tudo isso não me seria possível.
Pois a janela de onde vejo esse quadro,
com esse limitado céu azul,
só é possível na parede branca cá do céu.
E se, na parede que vejo, alguém de lá me visse,
veria outra parede branca e uma janela,
uma sibiruna no meio e um céu lá em cima
e flores amarelas que nem sabem disso,
e que nesta manhã de primavera
se dirigem ao céu me levando junto.
Sinto que de paredes, céus e flores e
quadros de flores, céus e nuvens se constrói
uma outra natureza; mesmo que as paredes
diminuam a visão dos céus e das sibipirunas,
contanto que seja possível a felicidade
de ainda serem vistos céus e sibipirunas que floresçam.
Sinto que este é um dever dos homens
que erguem paredes brancas:
abraçar quadros e homens e vida em comunhão
com os céus e as flores amarelas das sibipirunas.
Continuo a sentir
onde não mais estou sozinho.
Em frente à minha janela, confidente silenciosa,
vejo noutra luz uma imagem habitual.
Especialmente hoje, meus olhos a descobrem
como se nascesse um novo dia,
dentro dos dias, além da minha janela.
Dividem a serenidade dos meus olhos
um céu azul de nuvens poucas,
uma sibipiruna de flores amarelas em direção ao mesmo céu,
e a parede branca e distante de um edifício.
Penso: não fosse a parede branca,
o céu azul seria maior em meu quadro. Não fosse...
... mas é
e a parede branca, hoje eu sinto,
é janela de um outro céu que o homem faz crescer.
E não fosse a parede branca e seu reflexo de sol
e sua existência em mim,
o quadro em que vejo tudo isso não me seria possível.
Pois a janela de onde vejo esse quadro,
com esse limitado céu azul,
só é possível na parede branca cá do céu.
E se, na parede que vejo, alguém de lá me visse,
veria outra parede branca e uma janela,
uma sibiruna no meio e um céu lá em cima
e flores amarelas que nem sabem disso,
e que nesta manhã de primavera
se dirigem ao céu me levando junto.
Sinto que de paredes, céus e flores e
quadros de flores, céus e nuvens se constrói
uma outra natureza; mesmo que as paredes
diminuam a visão dos céus e das sibipirunas,
contanto que seja possível a felicidade
de ainda serem vistos céus e sibipirunas que floresçam.
Sinto que este é um dever dos homens
que erguem paredes brancas:
abraçar quadros e homens e vida em comunhão
com os céus e as flores amarelas das sibipirunas.
Continuo a sentir
onde não mais estou sozinho.
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